Violência Doméstica: Entenda os Tipos, Canais de Denúncia e a Importância da Terapia Online
- Dra Rosangela Rocha
- 21 de abr.
- 5 min de leitura
Atualizado: há 1 hora

A violência doméstica é uma realidade alarmante que impacta milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2023, o Brasil registrou mais de 250 mil casos de violência doméstica, um aumento de 9,8% em relação ao ano anterior. Dados do DataSenado indicam que 3 em cada 10 brasileiras já sofreram algum tipo de violência doméstica. Este artigo explora o que é a violência doméstica, seus tipos, os canais disponíveis para denúncia e o papel crucial do atendimento psicológico online no apoio às vítimas, com ênfase na terapia online.
O que é Violência Doméstica?
Violência doméstica refere-se a qualquer conduta que cause dano físico, psicológico, sexual, patrimonial ou moral a uma pessoa no ambiente familiar ou em relações de intimidade, como casamentos, namoros ou convivência. No Brasil, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) é o principal marco legal para combater esse tipo de violência, focando especialmente na proteção às mulheres, embora homens e outras populações também possam ser vítimas. A violência doméstica não distingue classe social, raça, religião ou escolaridade, afetando pessoas de todos os perfis.
Estatísticas Alarmantes
Em 2023, o Brasil registrou 258.941 casos de violência doméstica, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Durante a pandemia, 1 em cada 4 mulheres sofreu algum tipo de violência, com aumento de agressões dentro de casa, conforme pesquisa do Datafolha.
O feminicídio, assassinato de mulheres por motivos de gênero, teve 1.467 casos em 2023, com 88,8% cometidos por parceiros ou ex-parceiros, segundo o Ministério dos Direitos Humanos.
Tipos de Violência Doméstica
A Lei Maria da Penha define cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher, conforme descrito pelo Instituto Maria da Penha. Esses tipos frequentemente se sobrepõem, agravando o impacto nas vítimas.
Tipo de Violência | Descrição | Exemplos |
Física | Ações que ofendem a integridade ou saúde corporal. | Bater, empurrar, chutar, queimar, ferir. |
Psicológica | Condutas que causam dano emocional, diminuem a autoestima ou controlam comportamentos. | Humilhação, ameaças, isolamento, manipulação, perseguição. |
Sexual | Forçar a vítima a atos sexuais não consentidos ou limitar seus direitos sexuais. | Estupro, coerção sexual, impedir uso de contraceptivos. |
Patrimonial | Controle, retenção ou destruição de bens, documentos ou recursos econômicos. | Destruir objetos pessoais, reter salário, confiscar documentos. |
Moral | Ações que desonram a vítima por meio de ofensas públicas. | Calúnia, difamação, injúria. |
Esses tipos de violência são complexos e têm graves consequências, como traumas psicológicos, baixa autoestima e, em casos extremos, feminicídio. Reconhecer essas formas é o primeiro passo para buscar ajuda.
Canais de Denúncia no Brasil
Denunciar a violência doméstica é essencial para interromper o ciclo de abuso e garantir a segurança das vítimas. O Brasil oferece diversos canais de denúncia, muitos dos quais permitem anonimato para proteger as vítimas. Abaixo, os principais recursos disponíveis:
Ligue 180: A Central de Atendimento à Mulher opera 24/7, oferecendo orientações, registro de denúncias e encaminhamento a serviços especializados. Pode ser acessada por telefone ou WhatsApp (61 9610-0180).
Disque 100: Canal para denúncias de violações de direitos humanos, incluindo violência doméstica, também disponível 24/7.
Delegacias da Mulher (DEAMs/DDMs): Especializadas no atendimento a mulheres, como as listadas no portal TODAS in-Rede. Exemplo: 1ª DDM em São Paulo (Rua Vieira Ravasco, nº 26, Cambuci).
Plataformas Online: Alguns estados permitem registrar boletins de ocorrência pela internet, como mencionado pela Plataforma Mulher Segura.
Aplicativos: O aplicativo PenhaS, da AzMina, oferece um “botão do pânico” para alertar contatos de confiança, além de informações sobre direitos (Terra).
As denúncias podem ser feitas por vítimas ou terceiros, e a Lei Maria da Penha garante medidas protetivas, como afastamento do agressor. Em situações de perigo imediato, ligue 190 para a Polícia Militar.
A Importância do Psicólogo e da Terapia
O apoio psicológico é fundamental para ajudar vítimas de violência doméstica a superar traumas, reconstruir a autoestima e romper o ciclo de violência. Segundo estudos como o da SciELO Brazil, a terapia pode interromper padrões de abuso ao promover o enfrentamento das situações de violência e a transformação do cotidiano das vítimas.
Como a Terapia Ajuda?
Processamento de Traumas: Técnicas como EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares) ajudam a reduzir o impacto de memórias traumáticas, conforme descrito em Extra.
Reconstrução da Autoestima: A terapia ajuda vítimas a combater sentimentos de culpa e vergonha, comuns em relacionamentos abusivos.
Entendimento do Ciclo de Violência: A psicóloga Lenore Walker identificou três fases no ciclo de violência (tensão, agressão e lua de mel), conforme o Instituto Maria da Penha. A terapia auxilia na identificação dessas fases e na criação de estratégias para sair do ciclo.
Empoderamento: O atendimento psicológico fortalece a autonomia, ajudando vítimas a estabelecerem relacionamentos saudáveis.
Psicólogos utilizam abordagens como terapia cognitivo-comportamental (TCC), psicanálise ou terapia ocupacional, adaptando o tratamento às necessidades individuais.
Benefícios da Terapia Online
A terapia online tem se destacado como uma ferramenta poderosa para vítimas de violência doméstica, especialmente no contexto brasileiro, onde o acesso a serviços presenciais pode ser limitado. A Plataforma Mulher Segura destaca que o atendimento psicológico online é garantido pela Lei Maria da Penha e gratuito em muitos casos. Os principais benefícios incluem:
Acessibilidade: Vítimas podem receber ajuda de casa, essencial para quem vive com o agressor ou enfrenta barreiras geográficas.
Anonimato: A privacidade do ambiente online reduz o medo de estigma, incentivando a busca por ajuda.
Flexibilidade: Sessões podem ser agendadas em horários convenientes, adaptando-se à rotina da vítima.
Continuidade: A terapia online mantém o tratamento mesmo em casos de mudança de cidade ou internação em abrigos.
Plataformas como Psicoter enfatizam que a terapia online é ideal para vítimas que precisam de flexibilidade e segurança. Além disso, o uso de ferramentas como Google Meet, mencionado no contexto de Rosangela Rocha, facilita o acesso a sessões remotas.
Conclusão
A violência doméstica é uma questão urgente que exige ação coletiva. Reconhecer os tipos de violência, acessar canais de denúncia como o Ligue 180 e buscar apoio psicológico são passos cruciais para romper o ciclo de abuso. A terapia online, com sua acessibilidade e privacidade, é uma ferramenta essencial para ajudar vítimas a reconstruírem suas vidas. Se você ou alguém que você conhece enfrenta violência doméstica, saiba que há ajuda disponível. Não hesite em buscar apoio psicológico online para iniciar sua jornada de cura.
Referências
Instituto Maria da Penha. "Tipos de violência". Disponível em: https://www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/tipos-de-violencia.html
Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. "Violência doméstica e familiar contra a mulher: Ligue 180 e tudo o que você precisa saber". Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/denuncie-violencia-contra-a-mulher/violencia-contra-a-mulher
SciELO Brazil. "A atenção às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar: a construção de tecnologias de cuidado da terapia ocupacional na atenção básica em saúde". Disponível em: https://www.scielo.br/j/cadbto/a/99tmk3n6WhsMjcWHjMZVMGK/
DataSenado. "Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher". Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/11/21/datasenado-aponta-que-3-a-cada-10-brasileiras-ja-sofreram-violencia-domestica
Fórum Brasileiro de Segurança Pública. "Mais de 250 mil casos de violência doméstica registrados em 2023". Disponível em: https://www.defensoria.es.def.br/mais-de-250-mil-casos-de-violencia-domestica-sao-registrados-no-brasil-em-2023/
Datafolha. "Uma em cada quatro mulheres foi vítima de violência na pandemia". Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/06/07/1-em-cada-4-mulheres-foi-vitima-de-algum-tipo-de-violencia-na-pandemia-no-brasil-diz-datafolha.ghtml
Extra. "Conheça a EMDR, terapia de imersão indicada para vítimas de violência doméstica". Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/conheca-emdr-terapia-de-imersao-indicada-para-vitimas-de-violencia-domestica-23333435.html
Psicoter. "Violência Doméstica: O que é, tipos, o que fazer e como buscar ajuda". Disponível em: https://psicoter.com.br/violencia-domestica/
Plataforma Mulher Segura. "Canais de Denúncia de Violência Contra Mulher". Disponível em: https://mulhersegura.org/preciso-de-ajuda/categoria/violencia-contra-a-mulher-canal-de-denuncia
Terra. "Como denunciar violência doméstica e familiar em segurança?". Disponível em: https://www.terra.com.br/nos/como-denunciar-violencia-domestica-e-familiar-em-seguranca%2C4adbf56da63e38ce6539fb305c8e14d3szd3xirg.html
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